segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A CRISE AOS OLHOS DE QUEM VÊ



O futebol brasileiro enfrenta uma terrível crise de relacionamento entre torcida e as suas equipes. A cobrança por resultados é normal, mas o que vemos vai além disso. JÁ VIROU OBSCESSÃO.

Recentemente, o Vasco da Gama tem enfrentado uma temporada horrenda. Ontem contra o Flamengo, seu maior rival, perdeu por 2 a 1 e está eliminado do primeiro turno do campeonato carioca, concretizando um inicio de temporada catastrófico. O desamor da torcida cruzmaltina ano a ano só aumenta, e isso advém de uma crise que se arrasta desde o período Eurico Miranda. ESSE é o ponto a ser tocado. A administração do Miranda foi pautado por escândalos fiscais, consequentemente, pouco investimento no clube, que, dos grandes da Série A, tem uma das piores estruturas.

Mas, existem reações extremas, que não são nada compreensíveis. Como um torcedor que tentou se jogar da estrutura mais alta do estádio, na partida que decidiu o rebaixamento da equipe em 2008.

A reação do torcedor vascaíno dar-se por uma indignação de há tantos anos o time apresentar-se com um nível de futebol baixo, e, por isso, nada vitorioso. Fora os exemplos extremistas, as outras formas de reações são perfeitamente compreensíveis.

Mas o que se ver em outras equipes não dá para tolerar.

Exemplo, o Cruzeiro entrou em campo ontem pela primeira rodada do Campeonato Mineiro contra o Caldense. O time criou muitas oportunidades de gol desde o inicio do jogo, mas a bola não entrava. "Impaciente", aos 30 MINUTOS DO PRIMEIRO TEMPO, a torcida vaia o meia Gilberto, e pede a entrada de Roger Flores. Este ultimo, durante a semana se envolveu em uma polêmica com o técnico da equipe celeste, Cuca, ao reivindicar contundentemente sua titularidade. A atitude de Roger é condenável, pois o jogador precisa, primeiro respeitar a decisão do técnico, e segundo, fazer por onde ser titular, se superar como atleta. Além disso, o técnico Cuca afirmou que não foi procurado pelo jogador sobre isso, e que se surpreendeu com as afirmações do jogador na coletiva de imprensa. Ou seja, Roger quis jogar o técnico contra a torcida, e foi o que aconteceu durante a partida.

Saindo da polêmica Flores, a torcida Celeste não tinha motivo algum para agir daquela forma, pois o time jogava bem, só não concretizava da forma esperada, mas isso era, simplesmente, nervosismo da estreia, tanto que a equipe venceu por 3 x 0 o jogo. Fora que o time vive uma época vitoriosa, com 5 títulos mineiros (2003, 2004, 2006, 2008, 2009), 1 título do campeonato brasileiro (2003), 1 vice-campeonato da Libertadores (2009) e 1 vice-campeonato brasileiro (2010), diferente do Vasco que já não ganha nada há muito tempo. Ou seja, a cobrança sempre existirá, mas é importante o apoio da torcida para que os resultados venham com mais facilidade. O apoio é, sem dúvida, a maior prova de amor que um torcedor pode prestar para seu clube.

Existem muitos exemplos na história do futebol de apoio da torcida. Este fim de semana, pela Copa da Inglaterra, o Tottenham perdia para o Fulham por 4 a 0 e estava sendo eliminado. Mas, mesmo assim, a torcida do Tott' não parava de apoiar o time, cantando o hino, acreditando, apesar do placar adverso, na possibilidade da virada. O jogo não se inverteu, o placar permaneceu adverso, mas este ato da torcida deve servir de exemplo para o futebol brasileiro, que tem poucos exemplos a dar a esse respeito.

Agora, voltando ao assunto da administração dos clubes. Tem sido rotineiro ver os clubes trocarem de técnicos depois de sequências de derrotas (no campeonato brasileiro é um técnico por rodada, em média). Mas é preciso analisar que muitas vezes a negligência impera no setor administrativo, ao realizarem contratações que não estão a altura da necessidade do clube, e disso o Vasco é campeão, ou de não contratar quase ninguém e no máximo usar dos jogadores da base do clube, o que, na minha opinião, é um crime delegar a responsabilidade da titularidade a um garoto que tem pouca experiência com a pressão da torcida, uma vez que essa cobrará dele da mesma forma como cobra de um experiente jogador. Claro que jogadores como foi Pelé ou como foi com o Ganso, Neymar, entre outros, souberam lidar com a pressão e se tornaram profissionais muito cedo. Só que nem sempre é assim, e muitas vezes, essa atitude inibe o desenvolvimento do jogador que ainda está em potencial. No fim, com a má gestão, os resultados fatalmente não virão, o clube é cobrado pela torcida, que quer mudanças e o técnico é o primeiro a ser mandado embora. Lógico, ele é o incompetente e não a diretoria que não quis liberar verbas para contratações (ironia).

Sobre isso, José Mourinho, enxergou a necessidade de um atacante de área para o Real Madrid e requisitou a verba para a diretoria, que se recusou e liberar. O técnico fez um ultimato, dizendo que sua permanência estava apoiada nessa contratação, ou seja, se ela não acontecer, ele sai.

Ano passado, o Flamengo enfrentou muitas polêmicas extra-campo, tá certo, mas nada justifica Val Baiano, Josiel e C.Borja, como reforço no ataque, logo, porque, com o status de time mais popular do Brasil, o rubro-negro carioca é campeão de patricínio, e foi assim que os atacantes Adriano e Wagner Love foram bancados. E felizmente para a torcida, este ano, Patrícia Amorim, presidente do clube, investiu pesado em reforços, um deles, Thiago Neves, que já estreiou com golaço.

No passado do Corinthians, um superintende extrangeiro, Kia, foi o responsável pelas contratações dos argentinos Carlitos Tevez e Mascherano, jogadores do alto escalão do futebol mundial atualmente, mas que na época eram jovens promessas de alto custo, salarial e passe. Mas, descobriu-se que o superintedente estava envolvido em esquemas sujos de sonegação fiscal, chegando até a roubar o clube, que ficou em uma tremenda crise financeira. A solução foi se desfazer do elenco, montando uma equipe de custo menor, o que o levou ao rebaixamento em 2007.

Enfim, vira e mexe o futebol brasileiro entra em rota de colisão. É preciso saber torcer, saber investir, porque jogar a gente sabe.

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