sábado, 26 de fevereiro de 2011

A morte dos ícones culturais: Tv e Futebol


3ª Do Plural

Engenheiros do Hawaii

Composição: Humberto Gessinger
Corrida pra vender cigarro
Cigarro pra vender remédio
Remédio pra curar a tosse
Tossir, cuspir, jogar pra fora
Corrida pra vender os carros
Pneu, cerveja e gasolina
Cabeça pra usar boné
E professar a fé de quem patrocina
Querem te matar a sede, eles querer te sedar
Eles querem te vender, eles querem te comprar
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Corrida contra o relógio
Silicone contra a gravidade
Dedo no gatilho, velocidade
Quem mente antes diz a verdade
Satisfação garantida
Obsolescência programada
Eles ganham a corrida antes mesmo da largada
Eles querem te vender, eles querem te comprar
Querem te matar de rir, querem te fazer chorar
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Vender, comprar, vendar os olhos
Jogar a rede... contra a parede
Querem te deixar com sede
Não querem te deixar pensar
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?



Humberto Gessinger divaga na música terceira do plural sobre a publicidade e suas estratégias de venda, que segundo ele, há a formação de uma teia global de consumo, onde você faz uma coisa almejando outra e essa outra pra alcançar uma terceira coisa, e esta, uma quarta, e assim sucessivamente.  

O mundo publicitário se alimenta dessa tendência de querer moldar as pessoas, ditando modelos ou padrões de boa vida, mas raramente estes modelos são voltados, de fato, para o bem estar exclusivamente do indivíduo, e sim, à principalmente, a alternativa mais lucrativa para a publicidade.  

Carregado de apelação, a publicidade utiliza de imagens para atrair ao público. Preste atenção, em comerciais de cartões de crédito têm normalmente mulheres bem vestidas, com um aspecto de dominância, liberdade, independência, status que passa então a ser almejado por todas as mulheres, pois segundo a propaganda aquilo é um modo de vida adequado e elas então adquirem o cartão por acreditar que é ele que proporciona tal padrão social. Outro caráter apelativo seria para as mensagens subliminares, que por trás sempre tem um teor de “COMPRE, COMPRE” e aos poucos esse sentido é interpretado e absorvido pelo público.

A mídia atual sobrevive de publicidade e é justamente aí que está o erro, pois dia após dia, a qualidade da programação aberta é mais chula, e dia de domingo então é que você percebe o quanto estamos perdidos. Dominado por programas de auditório, o primeiro dia da semana é um tédio televisivo. O Gugu, apresentador da Record, ou o Célsio Porttiolli do SBT são publicitários vestidos de terno com um microfone na mão e uma câmera focada em seu semblante convidativo, estes apresentam quadros em seus programas totalmente voltado pra as classes C e D da camada social brasileira, não desmerecendo a cultura majoritária, que de fato pertence a estas pessoas, mas culturalmente falando é um conteúdo pobre, e entre um quadro e outro temos uma marca divulgando a sua proposta para uma revolução na vida dos telespectador, uma transformação social, na maioria, se não todas as propagandas, puro sensacionalismo.

Este é um convite para uma análise do declínio para uma crise, se já não estamos, da cultura televisiva brasileira, meio que surgiu no século passado e se fortaleceu ao se reinventar a cada década passada, mas que agora está se deteriorando devido a tanta hibridização dos meios. Ou seja, a interferência excessiva da publicidade na comunicação está levando esta a sucumbir.

A grade de programação está ajustada justamente buscando maior audiência. Isso explica porquê temos uma mídia paupérrima, já que somos uma país de maioria pobre, então lógico, “vamos empobrecer nossa programação e torná-los ainda mais ignorantes, tirar cada vez mais suas opções de subir na vida, para que eles continuem a dar audiência e a publicidade colha cada vez mais os louros, fruto da ignorância superior neste país” (por Publicitário Anônimo).

QUE TÁ COMIGO NESSA LEVANTA A MÃO:

\O/
SÓ VOCÊ AÍ?! NÃO ACREDITO! VAMOS NOS UNIR. ACHA QUE É BESTEIRA, ENTÃO VEJA ISSO:



Em mais uma demonstração que cultura do Brasil não é barata, por justamente está nas mãos de grupos que só pensam na manutenção de suas contas bancarias e não do status social do brasileiro, o Clube dos 13 divulgou nesta semana a carta convite para as emissoras que estejam interessadas em cobrirem o campeonato brasileiro nas temporadas 2012, 2013 e 2014.
Tive acesso através do portal globoesporte.com ao documento. Li todo ele, e constatei que há um leilão no ar, como bem frisa a carta no termo III, tópico 19 do documento:

O clube dos 13 venderá a transmissão dos jogos em TV aberta, com exclusividade, seguindo a licitação amparada nesta carta convite, para a emissora cujo o “valor da proposta”, calculando segundo o critério descrito adiante, seja maior.”

É um absurdo um grupo dominar assim os direitos deste ícone cultural brasileiro.
Outro ponto do documento coloca que o valor mínimo da proposta deverá ser de 500 milhões de reais, uma super valoração que levou a Rede Globo sair do páreo, depois de 25 anos de parceria. A emissora do falecido Roberto Marinho irá agora negociar os direitos de transmissão com os clubes diretamente. No entanto, o Clube dos 13 afirma que um acordo feito ano passado com o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) ficou determinado que é proibido a negociação direta com os clubes.

Enfim, leilões a parte e futebolistas sem chão na outra parte, por enquanto, o que se tem é uma guerra de forças, ou melhor, um cabo de guerra, e a única certeza, mais uma vez, é que nessa o povo sairá perdendo, infelizmente.

Fonte: Globoesporte.com 
            Letras.com

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